31/05/08 - 16:20
O programa estreou com 11,6 pontos de Ibope, caiu para 8,3 na edição seguinte e despencou a 7,6 na terceira semana.
Como em todas as renúncias, a mudança de imagem não foi uma decisão inteiramente pessoal, mas o desfecho de uma série de acontecimentos que tornava insustentável sua platinada nobreza.
Xuxa não era mais a garota de de antes, suando para controlar as crianças no Clube da Criança, que a extinta Manchete exibiu na década de 80.
E tampouco a apresentadora de saia de couro que comandava a festa colorida do Xou da Xuxa, sucesso sem precedentes no horário matinal que enterrou de vez contador de histórias, como o Capitão Furação, sucesso da mesma Globo nos anos 60.
Xuxa encantou por não ser a titia boazinha ou a babá controladora aos quais os pais confiavam seus filhos. Seu programa era uma festa, uma avalanche de sons, luzes e cores hipnotizantes como nunca se viu na TV.
Com bonecos originais, fantasias delirantes e uma trilha-sonora que grudou feito chiclete e vendeu aos milhões, o programa alterou de vez o paradigma do que era ou não infantil.
Uma certa visão da infância ficava de vez para trás, com novos interesses e, principalmente, um novo modelo feminino, encarnado numa gaúcha linda, sexy e feliz, capaz de cantar que "a vida é um doce" sem cáries, traumas ou tristezas.
Nem as críticas à sexualização precoce ou a inserção quase precoce no universo do consumo conseguiram embaçar o brilho dourado da apresentadora.
Depois de oito anos de enorme exposição, com vendas associadas em discos, filmes e outros produtos, a fórmula começou a apresentar sinais de desgaste. Novos programas foram inventados para tentar reinventar o sucesso passado.
Xuxa Park conseguiu se manter nos dois dígitos de audiência durante a década de 90, mas Xuxa no Mundo da Imaginação amargou o fiasco de seis pontos de Ibope, o pior da história da apresentadora.
TV Xuxa começou em 2005 nas manhãs dos dias úteis e foi complementado pelo Conexão Xuxa, laboratório de ensaios para um novo formato de programa, mais atual e condizente com a idade da principal atração.
Há tempos Xuxa já havia renunciado à postura mais erótica e abandonado as saias curtas por um figurino elegante que só deixa exposto as mãos e o rosto da apresentadora. A última mudança se completa com o TV Xuxa, agora semanal.
Nem os desenhos animados, esteio de quase todos os programas infantis, sobreviveram. É mais um programa de auditório, com boas reportagens e brincadeiras com o público.
É sintomático dessas mudanças Xuxa ter apresentado na estréia um quadro no qual brinca como o fato de ser loira, o que demonstra maturidade ¿ ou ao menos tranqüilidade ¿ em desconstruir a própria imagem.
Como entrevistadora, Xuxa consegue ser muito mais desinibida e simpática que a maioria dos apresentadores de TV. Pode ser um novo caminho.
EXCLUSIVO
Neste sábado (31/05), segundo dados preliminares, o programa da rainha dos baixinhos voltou a registrar um aumento. Fechou em 11 pontos contra 9 do SBT que ocupou a segunda posição.
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