"Começa agora uma nova novela", afirma o autor de "A favorita", João Emanuel Carneiro, em sua primeira entrevista após a reviravolta da trama, que foi ao ar nesta terça-feira (5). "Apesar do clima de último capítulo, na realidade foi um primeiro capítulo, um recomeço", diz.
O capítulo de terça desvendou o maior mistério da história até agora, ao mostrar que Flora (Patrícia Pillar) é a verdadeira assassina do personagem Marcelo Fontini. "Quero incomodar o espectador, desafiar o folhetim tradicional", diz o autor. "Geralmente, na TV você tem que mastigar tudo. Nessa novela, eu pedi que o espectador também se colocasse, como se o público também fosse um pouco autor." Ele conta que decidiu fazer de Flora a assassina já nos primeiros dias em que a novela foi ao ar. "Achei mais instigante dessa forma. Tudo que a Donatela fez com a Flora foi justificado agora. A Flora é uma assassina, doida, perigosa, uma esquizofrênica típica."
Entretanto, João Emanuel avisa: "Flora não é uma 'serial killer'; ela mata com motivação". Para o autor, a vilã com cara de mocinha tem um objetivo claro, conquistar tudo que é de Donatela. "Ela não faz coisas sem sentido."
Com a revelação da assassina, João Emanuel pode enfim relaxar, depois de meses guardando o segredo a sete chaves. "Só contei para três pessoas da minha família e, mesmo assim, sob juramento de morte", diz rindo.
As protagonistas, Pillar e Cláudia Raia, foram informadas da definição logo na semana de estréia da trama. "Eu criei problemas para as duas, já que a Raia teria de conquistar a simpatia do espectador e a Pilar tinha que fazer uma mocinha aparentemente tradicional, mas com traços inquietantes."
João Emanuel diz que resolveu modificar os rumos da trama para "vencer o marasmo" que as novelas das 20h podem enfrentar. "Gosto de fazer uma revolução; esse formato de 200 capítulos gera distorções, é longo demais. Eu não quero encher o saco do meu trabalho."
Para o autor, a partir desta quarta-feira (6) começa uma nova fase de "A favorita", um segundo ato, em que o público sabe da verdade, mas os personagens ainda não. "Era uma novela muito introspectiva, agora tende a ficar mais espetaculosa, com mais apelo popular."
Para essa nova fase, João Emanuel promete novos personagens, polêmicas e mais humor. "A trama vai crescer muito, até porque não posso matar meu elenco principal de tanto gravar; tenho que abrir o leque", afirma o autor.
"Agora vamos ver a Donatela se reerguer e provar sua inocência. O público foi enganado, agredido por Flora", diz João Emanuel, que adianta que, nas próximas semanas, Donatela será condenada e presa.
Outra personagem que já tem seu destino certo é Maíra, interpretada por Juliana Paes. "Primeiro ela será atropelada, depois será assassinada", afirma.
A nova fase da trama também deve gerar polêmica por conta do surgimento do amor entre duas mulheres, Catarina (Lília Cabral) e uma nova personagem, Estela (Paula Burlamaqui). "Estela vai gostar de Catarina, mas ainda não sei se ela vai aceitar entrar nesse amor lésbico; ainda tenho que sentir as personagens, sentir como vai ser", revela. "É justamente por provocar o público que minhas novelas são sucesso", diz João Emanuel, que também escreveu "Cobras e lagartos". Quanto ao futuro de Flora, o escritor é categórico: "a loucura dela só vai piorar". Ele conta que Lara vai se aproximar de Flora, mas nunca vai adorá-la ou considerá-la uma mãe.
Mas, perguntado se Lara realmente é filha de Marcelo Fontini, o autor despistou com um sorriso: "Isso não posso dizer. Se respondesse essa pergunta, teria de terminar a novela amanhã".
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