Em "A Favorita", autor quer deixar dúvidas sobre quem é a vilã da história

Do PopTevê

Divulgação Donatela encara Flora após a ex-amiga ter deixado a prisão

Flora, interpretada por Patrícia Pillar, jura que é a mocinha. Donatela, personagem de Cláudia Raia, garante que ela é a boazinha da história e que Flora é uma vilã dissimulada. É em torno desta troca de acusações e da busca pela verdade que gira "A Favorita", nova novela da Globo que estréia nesta segunda.

De João Emanuel Carneiro --autor dos sucessos "Da Cor do Pecado" e "Cobras & Lagartos" e estreante no horário nobre--, a novela é ambientada em São Paulo e na fictícia cidade de Triunfo, nos arredores da capital. "A base da história é realista, mas a novela é uma fábula, o que permite uma grande liberdade ficcional", explica o diretor Ricardo Waddington.

O passado

A origem da rivalidade entre as duas é complicada. No passado, Flora e Donatela formavam a dupla caipira "Faísca e Espoleta", e conquistaram relativo sucesso no interior. Parceiras desde a infância, sua amizade ruiu quando conheceram os amigos Dodi (Murilo Benício) --um homem de origem humilde-- e Marcelo (Deco Mansilha) --herdeiro de uma indústria de papel.

Após largar a música, Donatela casou-se com Marcelo, e Flora, com Dodi. Aí começa uma sucessão de tragédias. O filho de Donatela e Marcelo é seqüestrado aos seis meses de idade e jamais é encontrado. Já o casamento de Flora e Dodi dura pouco. Eles se separam e ela inicia um caso com Marcelo, com quem tem uma menina, Lara (Mariana Ximenes).

Quando as duas amigas já não se bicavam, Marcelo é assassinado. Todas as evidências acusam Flora e ela é presa pelo crime que, jura, jamais cometeu. "O meu ponto de vista é parcial. Acredito no que a Flora conta", defende Patrícia.

Divulgação Donatela oferece uma grande festa a Lara em seu aniversário

Mas há duas versões para os fatos. Donatela diz que Flora sempre quis tomar seu lugar e, ao perceber que Marcelo jamais largaria a mulher, resolveu matá-lo. Já Flora diz que Donatela e Dodi mantinham um caso desde o início e planejaram minuciosamente cada passo do crime. "A Donatela tem uma postura mais agressiva e isso pode levantar suspeitas. Mas acredito na sua inocência", despista Cláudia.

É nesse "disse-me-disse" que foi criada Lara, uma linda e rebelde estudante de Geologia que só ouve "horrores" de Donatela em relação à mãe biológica. "Apesar de tudo, a Lara é supermoleca. Por isso, faço de tudo para parecer mais jovem", brinca Mariana Ximenes.

Tramas paralelas

No meio disso há a redação do jornal "O Paulistano", onde Zé Bob (Carmo Dalla Vecchia) dedica seus dias a desmascarar políticos corruptos. Tremendo mulherengo, na novela ele só perde para o incorrigível Halley (Cauã Reymond). Filho de Cilene, dona de um bordel vivida por Elizângela, apenas duas coisas movimentam sua vida: sexo e dinheiro. "Ele é um garotão que só quer se dar bem e tem vários momentos engraçados", conta.

Fora dos arranha-céus da metrópole, está o núcleo pobre onde Maria do Céu e Edivaldo, vividos por Deborah Secco e Nelson Xavier, trabalham duro para ganhar a vida. Em Triunfo, além da vida simples, alguns habitantes parecem viver em um universo paralelo.

É o caso de Augusto César, ufólogo interpretado por José Mayer, que nutre a esperança de um dia rever a mulher que ele jura ter sido abduzida por extraterrestres. "Ele é um visionário, crédulo ao extremo. É bem diferente de tudo o que já fiz. Isso sem contar que ele não tem muito cuidado com o 'layout'", brinca José Mayer.

Com custo estimado de R$ 270 mil por capítulo, "A Favorita" é a
primeira novela de João Emanuel Carneiro no horário nobre, após duas bem-sucedidas tramas das sete. Mas o autor se mostra tranqüilo quanto à estréia e à inevitável pressão pela audiência. "Estou muito seguro desta história. Ela pede para ser contada", reforça. "Se o público comprar essa briga, não tem para ninguém. Muito menos para a concorrência", completa Waddington.